2009 foi ano do centenário da Carmen Miranda e o The Big bem- projeto de revisão de centenários, que norteia minhas ações em artes visuais- trabalhou com essa estrela que foi o ícone brasileiro de maior repercussão internacional do século passado. Para a construção do trabalho orientando- me pela biografia realizada por Ruy Castro, considerada a mais completa sobre a performer, fiz uma viagem ao Rio de Janeiro, visitei o museu Carmem Miranda, uma mostra sobre seu centenário na Biblioteca Nacional, revi as ruas do centro do Rio onde passou a infância e iniciou sua retumbante carreira artística. Defini assim as ações para a artista pop-dada, criticada por muitos pelos excessos e caricatura do Brasil.
Decidi então criar uma performance urbana aqui em Salvador, partindo dos painéis de escaravelhos na região do Pilar, subindo o plano inclinado que leva ao Santo António, indo até a Baixa dos Sapateiros onde ficam as ruinas do Cine Jandaia, local onde a Carmen Miranda se apresentou para a Bahia em 1932. Desde meu trabalho sobre a Baixa dos Sapateiros para o centenário do Ary Barroso,(2003) insisto em mostrar e buscar sensibilizar a opinião pública para esse edifício pré-modernista, que foi o maior templo artístico da primeira metade do Século XX na Bahia.
Nessa performance intitulada "Se Papai Noel Fosse Egípcio", esse personagem natalino do meu repertório sobre a eternidade, vestido com um figurino reformulado, percorre o trecho do Centro Histórico, onde vai coletando elementos para uma árvore de natal que homenageia a Carmem Miranda. Por fim monta essa árvore em frente ao Cine-Jandaia, revelando a ruína, onde a Pequena Notável se apresentou. A casaca do Papai Noel, desenhada por mim a partir da cruz chave egípcia, monta o personagem que revê a eternidade da estrela. Ele constroi essa árvore de Natal feita com enfeites que são miniatura de sapatos plataforma, uma invenção de Carmem Miranda para suas apresentações artísticas e uma marca de sua imagem.
Essa performance feita para se tornar um vídeo, teve captação de imagens por Maria Pinheiro e Carlinhos Lantyer, parceiros dos meus centenários. Fiz um pré-edição no Instituto Sacatar, onde realizava uma residência artística com mais 4 artistas: Aneli Munteanu de Bucareste - Romênia; Zahra H. A. Beigi de Teerã- Irã; Rodrigo Castro de SãoPaulo-Brasil ( artistas visuais) e Rae Howell de Melbourne-Austrália, que é musicista. O convívio com esse grupo e a logística do Instituto Sacatar, na Ilha de Itaparica, foram fundamentais para o desempenho das ações seguintes à realização do vídeo:Uma montagem efêmera da árvore de Natal na III Conferência Estadual de Cultura, em Ilhéus ( ver Postagem sobre a conferência) , uma vídeo-instalação na Biblioteca Municipal de Itaparica, performance no instituto Sacatar em dia de atelier aberto organizado com os outros residentes, e uma árvore de Natal, para minha comemoração pessoal da data, em São Paulo na varanda de Edward MacRae, meu companheiro e curador do the Big Bem.
Video-instalação para a Biblioteca de Itaparica, na ilha de mesmo nome.
Detalhe da video-instalação na biblioteca.
Montagem da árvore no Instituto Sacatar para a performance onde os sapatinhos tornaram-se lembranças para dirigentes, funcionários e amigos.
O barco de volta da residência, da esquerda para a direita: Zahra, Aneli, eu, Rodrigo e Rae.
Praça da República esquina com a Av. Ipiranga, São Paulo, árvore para a comemoração pessoal com o Edward. Os sapatinhos tornaram lembraças natalinas do centenário da 'Carmencita" para os amigos paulistanos.
mensagens para a rainha do mar,
