quarta-feira, 27 de maio de 2020




O DEUS SUPREMO COMO ATMOSFERA,PARA NUNCA FALTAR AR

O Projeto que articulo de Memória e Cidade, vai se tornando estratégias de construção de um Instituto, um centro de pesquisa, produção e comunicação, o IMCAV- Instituto Memória e Cidade em Artes Visuais. A Ação de sua criação torna-se o objetivo geral do projeto de revisão de centenário, para rever os 100 anos da Semana de Arte Moderna de São Paulo, em 2022.
Nessa trajetória, um pequeno texto inicial fruto de pensamentos que há anos estão se formando, em raciocínios causados com minhas pesquisas a partir de 2017 sobre o artista sacerdote Mestre Didi e a cosmogonia Nagô, ganha forma agora quando a escritora Clarice Lispector entra em constelação centenária.

FILOSOFIA GRECO-IORUBÁ
Teriam as civilizações grega e Iorubá, mantidos no mundo antigo algum contato?

SIM, o contato mais ao Norte do Atlântico do Território hoje conhecido como Nigéria, com civilizações Mediterrâneas aconteciam. Por que cremos que não houve contribuições do povo Africano a compreensão filosófica acerca de como surgiu o universo? Talvez por não nos deixarem ver o negro no papel pensante, capaz de formular teorias filosóficas, pois vejamos:

Anaxímenes de Mileto, foi discípulo de Anaximandro e, provavelmente, o terceiro filósofo da tradição ocidental. O filósofo pré-socrático viveu na região da Jônia (atualmente território turco) até 528 antes de Cristo. Nesse estágio a filosofia grega busca entender uma partícula ou princípio que dá origem ao universo: Tales de Mileto vai crer ser a água, Heráclito de Éfeso o fogo. E Anaxímenes o ar, como os Iorubás que em sua cosmogonia, acreditam ser o início de tudo, no seu vazio, uma enorme camada de ar: OLORUN, o Deus Supremo Ar, comum a tudo.

Nesse estágio de plenitude etérea, a reverberação de uma onda de impulso infinito, em seu deslocamento lentíssimo, faz surgir o princípio em Olorun, chamado Olorumirá, que se tornará Iroko, o tempo e Ifá, o que tudo viu, condutor da narrativa. Portanto nesse primeiro espaço Deus Supremo, o tempo surgi e com sua relatividade com o ar, vai macerar suas micros partículas criando uma inicial umidade. Com o crescimento da umidade, Olorun torna-se Olodumarê, onde vai surgir a água, que Tales de Mileto, acreditava princípio maleável da forma, o que está certo com a visão da gênesis Nagô, pois o ar e a água fazem surgir OXALÁ, o espaço-tempo da construção de tudo.

É em Oxalá, no seu princípio ar ou Obatalá e seu princípio água ou Oduduwá que surgirá uma minúscula lama cósmica, que ao unir-se criará a primeira forma, ou EXU IANG. Com a coexistência em Oxalá, do princípio positivo ar, que sempre se elevará e do princípio negativo água que sempre descerá na busca de preencher o espaço, é o que faz surgir o princípio procriado, primeira forma, com a qual será possível diferenciar todas as outras. Essa Trindade pai, mãe e filho, é chamada Igbá Odw, representada em uma forma de duas cabaças, cortadas ao meio e unidas com seus gargalos voltados para o Alto, Obatalá e para baixo, Oduduwá, contendo o princípio de individualização Exu. Igbá Odw imagem simbólica para a conformação que causará a explosão cósmica que faz surgir o universo. O fogo primordial de Heráclito, ou a partícula super condensada de tudo, que produz a grande explosão, o Big Bang, que a astrofísica ocidental sustentará como tese de surgimento do universo. O que houve antes para formação dessa partícula que explode, a cosmogonia Iorubá responde.

Foi preciso o mundo parar, para o materialismo enquanto manutenção da vida, e espiritualidade fonte de conforto frente a existência da morte, unir o que parecia erroneamente díspares.

sexta-feira, 20 de setembro de 2019





O tempo a partir das serpentes

Projeto exposição para a Capela do MAM - Museu de arte Moderna da Bahia. Inscrito no setorial das Artes. SECULT - Ba. 2019/20
Estudo remontagem para outros espaços  
Apresentação

Este projeto propõe uma exposição para a Capela do Museu de Arte Moderna da Bahia, MAM, chamada O tempo à partir das serpentes. Seu conteúdo versa sobre memória e cidade. Memória de dois grandes artistas brasileiros que chegaram na casa dos 100 anos em 2016 e 2017: a fotografa e escritora Zélia Gattai e o artista visual Mestre Didi, e de dois artistas contemporâneos meus, que nesses mesmos anos fizeram suas passagens: Ivana Chastinet e Lelo Souza da mata. Memória do bairro Rio Vermelho onde Zélia Gattai morou grande parte de sua vida e onde Mestre Didi possui o monumento urbano Cetro da Ancestralidade, dedicados na Nanã e seus filhos, entre eles Ewá, um dos orixás de D. Zélia, irmã de arco Iris de Oxumaré,  Orixá com quem parto do Cetro da Ancestralidade para ver o Bairro 2 de Julho, famoso pela sua diversidade, e onde habitaram a Ivana Chastinet, diretora teatral e performer e Lelo Souza da Mata, artista visual com foco na fotografia.

As serpentes são atributos dos Orixas Ewá e Oxumaré, Orixas do arco íris, filhos de Nanã, tempo que se forma o Aiyê, sistema solar que se encontra a terra. Ewá as águas no ar do céu, que permitem que a luz seja refratada gerando o belo fenômeno atmosférico, ligado ao mito da diplomacia e prosperidade. São tema para uma trilogia em pintura que dá nome a exposição e onde apresento uma visão, em dialogo de signos clássicos, com os mesmo  da cosmogonia africana, aqui as serpentes, que tem na noite um Oroboros, quando a serpente morde o próprio rabo, símbolo da conclusão de uma etapa de vida, e dedicado ao Orixá alquimista Ewá. O dia como uma possibilidade posterior às tempestades, em uma serpente arco íris Oxumaré, e a aurora, quando a noite encontra o dia, em um caduceu, emblema de Hermes- Mercúrio, deus Greco romano da comunicação, que se torna com as serpentes, dos filhos de Nanã, em um Caduceu para Exu, senhor das comunicações africanas. A inspiração para essa trilogia em pintura, creio vem da minha participação no “Bori” do artista visual Ayrson Heráclito, onde performo Oxumaré. A explosão do meu colega no cenário nacional e internacional das artes visuais, leva minha cabeça em orixá para os quatros cantos do mundo, e na cidade da Bahia sincronicidades interessantes se fazem revelar.

Nos anos de 2016 e 2017, o Rio Vermelho e o 2 de Julho passaram por reformas, que impactaram bastante a imagem urbana desses bairros.  A Casa do Rio Vermelho, morada de Jorge Amado e Zélia Gattai, tornada instituição cultural aberta ao público, um marco da arquitetura baiana, do celebre casal de artistas, recebe minha visita reflexiva em formato audiovisual: Anarquistas graças a Oxalá, parte do Cedro da Ancestralidade na orla do Rio Vermelho, que tem quase a sua frente, no Largo de Santana a escultura do casal Amado, seguindo até a casa do Rio Vermelho, revelando o bairro e a morada da modernidade baiana, em reflexão sobre a memória centenária de Zélia Gattai, que em 2016 fez seus 100 anos. Do mesmo Cetro da Ancestralidade, de Mestre Didi que fez seus 100 anos em 2017, parto para o bairro 2 de Julho, que tem em um dos seus acessos, a Esquina do Arco Íris, por sua diversidade de gênero, raça, classes sociais. O bairro 2 de Julho possui uma deslumbrante vista da Baia de Todos os Santos, enseada que faz a cidade possível. Bairro de intelectuais e artistas é revisto no audiovisual intitulado, Artistas Graças a Olurun. Os dois audiovisuais, são como parte de um mesmo filme sobre memória e cidade, compõem um discurso sobre a importância da cosmogonia Iorubá, na construção cultural da cidade de Salvador.

Na entrada da Nave Central da capela, o piso como uma pintura expandida feita de luzes. Na parede direita, com luz focal, ficará a trilogia em pintura, que dá nome a exposição; Na parede esquerda com luz focal, textos reflexivo sobre conteúdos, conceitos e a montagem, ficha técnica, marcas institucionais e patrocinadores.

Na nave onde antes era o altar, os audiovisuais. O piso tem iluminação voltado para ele, e bancos escalonados de desenho limpo e o mais confortável possível para o espaço.

Na nave colateral esquerda uma instalação para a parte água do arco íris, As águas do céu de Nanã, traz a memória de Ivana Chastinet, artista com quem tive uma intensa vivência na construção de ações políticas e artísticas no bairro 2 de julho, e que acompanhei seus últimos momentos presenciais, a virtualização de sua lembrança, a resistência de seu legado. No fundo da nave colateral, na parede branca que tem um nicho, um aquário é instalado, contendo uma moldura de algas, para receber a projeção do registro da performer em Maminha, no encerramento da 3.a Bienal da Bahia, no Largo 2 de Julho. Ivana Chastinet é emoldurada, pelo nicho que tri dimensionará a imagem, com água. Aquarius com celulares impermeabilizados, funcionando em corrente contínua, apenas como porta retrato único de uma cena retirada da performance apresentada, amplia a apreensão da obra.

Na nave colateral direita instalo fotografias de Lelo Souza da Mata, visto no Arco Íris, feito uma pintura expandida construída por projeção de luzes nas paredes, piso e teto, onde estas fotografias são guardadas em caixas de acrílico, que possuem iluminação própria. As imagens podem serem vistas dos dois lados. São sustentadas em uma teia de cabo de aços, tencionáveis, que contém a rede elétrica encapada e presa a esses cabos. A seleção de fotografias de Lelo Souza da Mata, é meu reconhecimento ao trabalho do artista, com quem interagi em muitas ocasiões no bairro 2 de Julho, território comum as nossas existência na cidade, e em eventos do calendário cultural, que recortei do Santo Antônio, 2 de Julho e Rio Vermelho, onde o Lelo registrou o Cortejo do dia da nossa independência, o 2 de Julho, a Parada Gay, personagens do Bloco Rodante, no  Santo Antônio, a Festa de Santa Barbara, o Enceramento da 3.a Bienal em nosso bairro 2 de Julho e a Festa de Yemanjá no Rio Vermelho. Um pequeno céu da sua produção que conta com muito, muito mais.

O tempo a partir das serpentes busca uma apropriação espacial da capela para falar da cidade de Salvador e suas memórias, com um recorte de viés da contribuição Nagô, que permeia uma camada entre o imaginário e o dia a dia, da Cidade da Bahia. Com sensibilidade fala das doídas cirurgias que vão se processando na cidade, no tempo que ao mesmo tempo consome, nos leva ao infinito de nossas horas.




quarta-feira, 29 de novembro de 2017

INCONSCIENTE COLETIVO E CONSCIÊNCIA NEGRA - Herança Imaterial e Material

                                                                                                                                     




Em 2011 Artur Bispo do Rosário fez 100 anos. Nasceu em Japaratuba, Sergipe, cidade que guarda a mística de ser frequentada por egípcios e fenícios, que atravessavam o Atlântico em uma América pré-colombiana, para cá deixar oferendas aos seus deuses. Fui em 2011 em Japaratuba pesquisar a cidade natal de Bispo, que não se via como artista, mas um missionário para o encontro com o divino. O lugar tem uma grande presença do povo negro, e fortes manifestações para o Orixá Xangô. Bispo com o mesmo nome do grande rei Artur, entrou na Marinha e foi muito jovem para o Rio de Janeiro. Talentoso construtor e pugilista, é expulso da corporação por brigas e vai trabalhar com a família Leone, famosa por seus juristas. Os surtos psicóticos se sucedem, a esquizofrenia se instala definitivamente, o que leva a seu internamento no manicômio Juliano Moreira.  No lugar começa a construir sua obra plástica, bordando os lenções com longos textos, encapsulando com revestimentos de fios de linhas têxtil os mais variados objetos, ordenando outros tantos em obras do mais apurado conceito de acumulação, instalando e criando sua obra prima: O Manto para o seu grande encontro com Deus.
O manicômio é transferido para Jacarepaguá, onde mais tarde a Dr. Nise da Silveira vai começar o trabalho com arte, o que leva a criação do Museu do Inconsciente Brasileiro. Bispo se recusa a ir para as novas instalações, e consegue permanecer no antigo prédio, que vazio, permite que ele ocupe vários espaços com suas criações, e quem quisesse vê-las tinha de imaginar a cor do seu semblante. Com sua morte, sua obra tornou-se patrimônio imaterial do povo brasileiro, dando origem na antiga colônia, ao Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea. Sem querer ser artista, Bispo alcança a maior ambição destes: a eternidade. 
Mestre Didi, realiza sua obra plástica com o profundo conhecimento da cultura Yorùbá, focado na cosmologia de Nàná e seus filhos, Obàlúaiyé, Òsányin, Òsùmàrè e Ewá. Nada há em suas esculturas, que não seja posto em acordo com o que é próprio desse universo simbólico. Cada forma, desenvolvimento, métodos, materiais, seja uma conta ou um monumento, é uma escolha consciente, precisa com seu vasto conhecimento ritualístico, e da cultura do seu povo, oriundos de Kétu, sendo sua família Asipá de uma casa real, que portanto, era o que mais desenvolvido e preciso havia a nível de construção material e espiritual na cidade africana. Esses preciosos artificies, artistas e sacerdotes, ancestrais do Mestre, vão lhe possibilitar um acumulo cultural de uma qualidade e preciosidade indiscutível, haja visto a grande influência que exerceram na formação religiosa e cultural do povo brasileiro.
Sua vasta obra, incluem não apenas criações plásticas, mas um legado escrito e editado em livros, filmes, afoxé, escola e o Ilê Àse Asipá, o terreiro de culto aos Éguns que deixou assentado em solo soteropolitano, em ótima sintonia com suas filhas e netos. Sua segunda e definitiva esposa, a antropóloga argentina Juana Albein dos Santos, é sua companheira dessa produção, que o assiste por mais de meio século, e que detém por hora a posse legal  de suas esculturas e direitos autorais. Juanita, como é conhecida a antropóloga, que em tese de doutorado na Sorbonne escreve um tratado fundamental sobre a cultura Yorùbá, “Os Nagô e a morte – Pàde, Àsèsé e o Culto Égun na Bahia”, impossível sem a colaboração e facilitação de Mestre Didi, é indiscutivelmente uma grande intelectual, pois assim Éguns e Orixás quis.
Torço para que as diferenças entre seus herdeiros sejam equacionadas e nós todos amantes das artes, que compreendemos o quanto é fundamental  seu legado artístico, cultural e religioso, vejamos surgi um organismo muito mais forte para a preservação da contribuição de ambos,  em um acerto de comum acordo, de sua parceira, suas filhas e netos. Vai valer a pena a superação, feita de tanta luta contra a dor racista, mas sobretudo pela enorme labuta para construir essa herança africana no Brasil e mundo.     



Memória, o rei do pop e o rei do conceitual



A memória nacional pode estar em festa, em 2017, apesar da loucura total política, com suas cascatas de podridões que não param de suturar, podemos pensar em outra loucura, essa mais produtiva: Um pais que recebeu a 100 anos grandezas com as do Pernambucano Aberlado Barbosa, o Velho Guerreiro, do “Aquele abraço” do Gilberto Gil, o Chacrinha um verdadeiro Rei do Pop, responsável por uma carga de contaminação gigantesca da cultura de massas, no Brasil. O cara que mandou girar o dinheiro da música.

E a sofisticação intelectual de Mestre Didi, que pode lidar com procedimento sacerdotais e artístico, do mais puro que há na cultura Yorùbá na Bahia, Brasil e Mundo, e torna-se um dos grandes enigmas de valor de obra de arte do circuito planetário, por ser um oásis frente a geleia de simulacros vendido as massas.   Seu emperre pode parar a circulação do dinheiro no sistema das artes, pois Picasso mirou a arte africana, fez seu astronômico valor e previu essa circulação no futuro, que já é nosso presente. 

Acreditava Picasso que a África por tratar da produção do que vem do berço, da transformação em o que nos fez humanos, teria uma profunda densidade midiática. Mestre Didi é um rei desse sistema, nascido na Bahia, filho de tradicionais sacerdotes e descendente de uma família real de Kétu, a Asipá. Eu prefiro admitir seu enorme valor, para ver se flui.  

terça-feira, 28 de março de 2017

2017: Centenário de Mestre Didi






Efêmeros e Eternos | Material e Imaterial


Com que delicadeza devo encontrar a leveza de Mestre Didi?

Quando filmo sua obra colocada em praça pública, no Rio Vermelho, indo à casa de Jorge Amado e Zélia Gattai, encontrar o que de mais belo houve na rede de relações que possibilita a Bahia entender e fazer sua modernidade, faço um elo com a passagem do centenário em 2016 de Zélia Gattai de Ewa, senhora das transmutações para o  artista-sacerdote que nesse 2017 alcança seus 100 anos. Um elo com esse tempo-espaço que vai se constituindo com o século @ também dito XXI, onde teremos de cuidar da eternidade do nosso passado recente, pois é o que mais de perto nos constitui.

 Encanta-me pensar o fazer artístico tanto no conceitual como no artesanal, de um ser naturalmente herdeiro do sacerdócio dos cultos afrodescendentes no Brasil. Só de saber que  Mestre Didi, é filho de Mãe Senhora, fundadora do Axé Opó Afonja, me ponho na certeza indissolúvel de como o tempo nos trará entendimentos, ainda mais potentes na sustentabilidade da nossa civilização. Porque me convenci, que apesar de toda a dor, a melhor ambição ainda é essa, e ela conta com o auxilio, fundamental da percepção humana, que nos possibilita a África. Na hora de sustentar as ondas mais pesadas, sempre contamos com ela.

Nesse ano transito por este ser encantado que se fez sacerdote dos eguns, dos espíritos imortais, me deixando levar nessa espiral do tempo, onde ano a ano vejo forças indiscutíveis que nos formaram artística e culturalmente se apresentarem e com elxs uma cosmologia nos faz nação.




2016: Centenário de Zélia Gattai


No tempo a partir das Serpentes somos anarquistas graças a Oxalá.

O tempo a partir das serpentes é uma trilogia em pintura: À noite, sua imensa vastidão cheia de mistérios, a possibilidade da total escuridão, a morte que dá lugar a aurora, momento único em que reluz mercúrio, e faz a passagem para a claridade solar do dia. São inseparáveis e compõem uma só obra.

O centro é constituído do caduceu, símbolo clássico de Hermes, aqui realizado para Exu, o mito mais forte do hemisfério sul que corresponde em sua função de mensageiro ao senhor da economia do Norte. Reconhecendo nossa escala de desenvolvimento como outra, opto por re-significar o luxo. No aspecto formal busco um dialogo entre o fazer artesanal, o design, e a poética como função prioritária da arte de pintar.

À noite vista como ouroboros, um dos símbolos mais antigos onde configura a serpente, momento em que esta morde o rabo, representação de um tempo que fecha seu ciclo, o recolhimento.
O dia como um espiral arco íris compondo serpentes. Propriedades fundamentais dos Orixás Oxumaré e sua irmã gêmea Ewá, que representam respectivamente a prosperidade e a reprodução humana. Cobras corais são as serpentes favoritas desses Orixás, e por isso colocadas no Caduceu, desta vez para Exu.

Tenho o projeto Efêmero e Eterno, que pensa a memória nacional através de suas personalidades centenárias, e sendo este os 100 anos da escritora Zélia Gattai, senhora de Ewá, paulistana com longa vivência na Bahia, ao lado do também centenário escritor Jorge Amado, o tempo a partir das serpentes se fez. Com Zélia e sua Ewá, fui filmar as transformações urbanísticas do bairro Rio vermelho, e a casa modernista nesse lindo bairro, onde o casal viveu em Salvador. 


Essa cartografia audiovisual chamo de Anarquistas Graças a Oxalá, pois depois de apreender o elegante e divertido universo dos escritores através da sua Casa do Rio Vermelho, e de divagar pelas praças e ruas recentemente transformadas, fica um tom irônico pelos descuidados com o rio que desemboca ao lado da hoje Vila Caramuru, onde antes ficava o Mercado do Peixe, que foi gentrificado para dar lugar ao empreendimento, que muito lembra as praças de alimentação de Shopping Center, transplantada para uma área ao ar livre.  Creio que Zélia e Jorge, com o profundo respeito que tinham com as tradições populares, viriam com tristeza o espremido espaço que sobrou aos pescadores.



quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Efêmeros e Eternos



Efêmeros e Eternos visa através de exposição pública, remontar obras e processos criativos do
artista visual Sandro Abade Pimentel, realizados para intervenções urbanas e exposições
ocorridas de 2000 a 2017. Lançara um catálogo, o livro das memórias visuais pertinentes a sua
produção em pinturas, instalações, fotografias, performances e fará projeção de audiovisuais
que serão disponibilizados em site. O pós-título: Material e Imaterial é um convite para a construção de um tempo interligado, interativo, de contribuições individuais e coletivas. Tempo com uma percepção sem contraposição do binário materialismo | Idealismo, mas sim de existências complementares.

Suas investigações artísticas contemporâneas se dão em diálogos compersonalidades centenários, a saber: o educador Anísio Teixeira em 2000, a poetisa Cecilia Meireles em 2001, o poeta Carlos Drummond de Andrade em 2002, o compositor Ary Barroso em 2003, a atriz Dercy Gonçalves em 2004, a Dr. Nise da Silveira em 2005/2006. Em 2007, o arquitetoOscar Niemeyer, o avô Abade, D. Zuzu, D. Canô e Frida Kahlo. Em 2008 Cartola, em 2009 CarmemMiranda, em 2010 Pagu, em 2011 Bispo do Rosário, em 2012 Mazzaropi, Nelson Rodrigues, JorgeAmado e Luiz Gonzaga. Em 2013 Vinicius de Moraes, em 2014 Dorival Caymmi, em 2015 Grande Otelo.

Em 2016 faz menção ao centenário de Zélia Gattai. E em 2017 nosso centenário é dedicado a Mestre Didi, a essa etapa chamo Material e Imaterial. Propõem-se uma exposição com obras feitas
para esses centenários. Compreende-se que a remontagem de obras premiadas ou patrocinadas por
editais e as finalizações dos audiovisuais para o site necessitam de um catálogo, para melhor
dialogar com o sistema das artes e o público das artes visuais.

Veja o projeto para captação de recursos via Fazcultura em:

https://drive.google.com/drive/folders/0B8YaXHygrxhgTkcycmdjaFcxX1U

Todo o projeto fica hospedado no meu vimeo, veja no link abaixo:

https://vimeo.com/user14069375


segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

2016

2016 nasceu para mim de forma muito tranquila em uma viagem pelo Recôncavo, até Nilo Peçanha, e de lá para a Praia de Pratigi. Poderia curtir mais a festa no Universo Paralelo, mas tudo tem seu tamanha certo.
Para esse ano muito trabalho para construir mais uma etapa de uma viagem sem fim: entender as relações entre o o efêmero e o eterno. Em 2015 me dediquei a organizar uma retrospectiva do que venho fazendo nesse sentido, nascendo assim um projeto inscrito no FAZCULTURA, que vou tocando dia a dia.
Quero deixar registrado aqui um vídeo curtinho que fiz para falar de renascimento a partir de Bosch e do Macunaima de Grande Otelo, no ano do seu centenário.

Até mais!

https://www.youtube.com/watch?v=meCBJhR7aYo

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

filosofia da arte e feliz 2015



A fotografia acima da minha pintura " autenticando a eterna primavera, as águias de Xangô e Iansã' fecha minha série de ações guiados por entendimentos de nossa situação pós 1968, do maio politico poético, do tropicalismo brasileiro e da bienal da Bahia.  Quase 50 anos depois de Caetano Veloso em Tropicália cantar: autenticando a eterna primavera, os urubus passeia entre os girassóis, uma imagem para mim  Van Goghiana, com toda sua expressividade, que me leva ao encontro da ideia das águias, como uma elevação espiritual a nos rondar.
As águias são o simbolo mais elevado da boa comunicação, que segundo uma ideia ocultista, nasce no escaravelho, que é engolido por uma rã,  engolida por uma serpente, que é engolida por uma águia. Essa cadeia natural é tornado movimento imaterial, ou seja espiritual de Hermes Trismegisto, cujo simbolo adoto para o atelier abadepimentel.
Fica comigo o dever de estreitar o entendimento material/imaterial, o que de fato faço nesse breve estudo de filosofia da arte que tem em um translado de 4 movimentos : decolar, voar, aterrissar e repousar, uma viagem de 150 anos, começando com Marx, indo para Benjamin, deste para Debord, chegando a Bourriaud.

Feliz natal e prospero ano novo!


http://pt.slideshare.net/AbadepimentelSandro/filosofia-da-arte-42910643

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

2014: 3.a Bienal da Bahia - Encerramento

Departamento "O 2 de Julho é nosso 7 de setembro"
Seção: Estética relacional e mobilização social

Com o acontecimento do projeto Circuito Cultural 2 de Julho e com a mobilização social em loco e em rede das ações do Movimento Nosso bairro é 2 de Julho, fomos convidados para realizar o ato de enceramento da 3.a Bienal da Bahia, que ocorreu no dia 7 de setembro, data da independência do Brasil e que tem na Bahia comemorações próprias no dia 2 de Julho, fato que da nome ao nosso bairro. Coube ao atelier abadepimentel ajudar na organização geral, e a mim a dupla função de fazer a curadoria pelo Circuito cultural 2 de Julho e me apresentar com a performance "Cama de rua", que realizei em homenagem ao centenário de Dorival Caymmi, com a utilização de uma trilha de músicas do compositor, que escolhi com muito carinho e por ter as musicas sintonia com movimentos da performance.
É importante salientar que essa curadoria foi realizada com o auxilio de outros membros da produção cultural do nosso projeto como a Cacilda Povoas e Ivana Chastinet, teve ainda ajuda de produção de Vilma Mota pelo MNB2J e participação efetiva e voluntariosa dos artistas que veem desenvolvendo trabalhos junto ao nosso movimento de bairro e rede social. E é claro o patrocínio e apoio da produção da 3.a bienal da Bahia e sobretudo a obstinada intenção do Curador da bienal, Ayrson Heráclito de realizar o enceramento conosco e em nosso território.
Minha performance teve registro de minha amiga e colega, de longas trocas Maria Pinheiro que ainda me trouce o professor em comunicação Mamede, que operando minha maquina realizou uma tomada fixa fontal da performance, enquanto Maria se encarregou de planos-sequência. Aos dois os meus sinceros agradecimentos. Fiz uma edição que estará disponível na minha pagina no Vimeo: https://vimeo.com/user14069375 

+ informações sobre o encerramento da bienal;
http://bahiamam.org/fique-por-dentro-do-que-rola-no-ultimo-dia-da-bienal/



quinta-feira, 27 de novembro de 2014

2014 | 3.a Bienal da Bahia|


Departamento do Pós-Racialismo ( Religiosidade, Pertencimento, Corporeidade)
Seção Áfricas.

Galeria Hansen Bahia - Cachoeira, Bahia.
De 15 a 07 de setembro de 2014.


                                                                                                                                                                                                                                                                  
                                                                                                          Proteção na bandeja e um beijo, instalação                                                                        Abertura, foto Ayrson Heráclito






 Na ladeira da Barroquinha, que da acesso a Praça Castro Alves, nasceu o primeiro Candomblé de Salvador em uma comunidade fundada por três negras africanas cujos nomes são: Iyá Detá, Iyá Kalá, Iyá Nassô e Baba Assiká, Bangboshê Obitikó. Não se tem certeza de quem plantou o Axé desse reino de Keto na Cidade da Bahia.

Descendo a Barroquinha, encontramos a  Rua Baixa dos Sapateiros, primeira periférica negra da cidade, e rua comercial para a cultura de massa, onde essa cidade é gritantemente  negra. Para harmonizar esse eco hiper-moderno a via do transitório, de um trans-moderno.

"Proteção na Bandeja" fala de uma deriva seletiva de elementos para um cartograma de apreensão da energia trans-material desse território. Uma busca que remete ao materialismo aleatório dos encontros fortuitos.

Acima, Um beijo para Iemanjá
abaixo, Patuá de Oxalá.




segunda-feira, 24 de novembro de 2014

2014: O atelier aberto - Autenticando a eterna primavera

Em 2013 me vieram flores para lembrar o maio de 1968 em seus 45 anos e em homenagem a diplomacia e poesia de Vinicius de Moraes na casa dos seus 100 anos. É o ano em que me envolvo com uma nova militância, agora no bairro onde fica o atelier e com companheiros interessados em pensar e atuar por direitos urbanos. Trata-se de uma nova evolução, no sentido de encontro com um coletivo, de um amplo grupo de ação social, com atuação em rede, sem foco partidário, com total voluntariado de participação, buscando entender e atuar diante de questões ainda bastantes problemáticas do nosso centro urbano; ocupações, desapropriações, fortes interessasses imobiliários, gentrificação, sobrevivência de cultura popular, direitos de minorias, direito de maiorias, espaços culturais, planejamento urbano.
As flores para fruir o bairro 2 de Julho, tem haver com o Largo do Mocambinho e seus boxes-floriculturas, e para os que se lembram do largo interno quando funcionava as bancas de flores. Teve ainda haver com o fato de alguns anos atrás ter feito imagens de um Jardim na Praia da Paciência, Um jardim ecológico, com placas pedindo proteção ambiental ao planeta e a cidade. Esse jardim foi destruído para dar lugar a pretensa limpeza estética do Ed. Trapiche Adelaide.
Flores para dizer que venham as novas revoluções e que elas tratem de tornar mais amorosas  as relações humanas, com um bom cheiro mesmo.

O atelier aberto recebeu visitas pelo Circuito cultural 2 de julho na 3.a bienal da Bahia e pelo projeto Arte de Passagem, onde expus meus escaravelhos para Cecília Meireles e Carlos Drummond de Andrade. A coletiva ficava no espaço cultural Castro Alves no Carmo - Pelourinho, e recebi grupos que vinham de van da exposição coletiva para o Atelier.  













sexta-feira, 21 de novembro de 2014

2014 : Circuito Cultural 2 de Julho através do Edital Arte em Toda Parte





No segundo semestre de 2013 foi aberto o edital "Arte em toda parte" administrado pela Fundação Gregório de Matos, da Prefeitura Municipal de Salvador. Organizamos uma proposta, em que o Atelier abadepimentel assumiu que seria o proponente, e onde me cabia ainda criar a parte de comunicação visual dos eventos. Tinha é claro, a responsabilidade de um grupo que realizava o evento em nome do Movimento nosso bairro é 2 de julho e uma ficha técnica no projeto em que tivemos a contribuição concreta de Ivana Chastinet, Cacilda Povoas, Viviane Hermida, Vilma Mota, Maya Manzi, Nilson Mendes, que abandonou o MNB2J no 3 circuito e Iguabira Veras que mesmo não tendo estado na anuência oficial, abraçou os Circuito desde o primeiro.
Foram 5 circuitos pelo edital de janeiro a junho. Neles contamos com o apoio de muitos artistas, produtores, técnicos e campos gravitacionais do bairro.


Circuito Cultural 2 de Julho na 3.a bienal da Bahia: Arte e mobilização social
                                                                                                     Maio/junho



caderno de fotos 


Circuito cultural 2 de Julho: O povo planeja o bairro.
                                                                                                     Abril






Circuito cultural 2 de Julho: Respirar no coração da cidade.
                                                                                                  Março


caderno de fotos 



Circuito cultural 2 de Julho: Carnaval, tradição e diversidade.
                                                                                               Fevereiro



caderno de fotos 



Circuito cultural 2 de Julho: Nordeste, sertão e mar - O comércio popular no bairro 2 de julho.
                                                                                                                                                    Janeiro



caderno de fotos 

2013/2014 : Movimento Nosso Bairro é 2 de Julho

Durante todo o ano de 2013, o Movimento Nosso Bairro é 2 de julho promoveu um evento cultural e mensal no Coreto do Largo. Esses eventos foram planejados semanalmente na reunião aberta do MNB2J, encontro de vários “campos gravitacionais” de produção cultural e artística do bairro (a Ocupação Vila Coração de Maria, a Huol produções, a ONG Bahia Street, o CEAO-UFBA, o Bar Mimosa, a San Vicente etc) tendo entre seus membros mais atuantes moradores militantes ( além dos já citados na postagem anterior: Maya Manzi, Cacilda Povoas, Vilma Mota, Rebeca Sobral, Rita  Clif, o já falecido Nilson Mendes, entre outros), um numero de artistas participantes grande e trans-moradores, que é como são chamados os que se juntam aos debates e projetos do movimento.


Coube ao atelier abadepimentel fazer a programação visual para gráfica e internet desses eventos, além de ajudas gerais na produção, registro e apresentação de processos como o audiovisual para o evento da Ladeira da Preguiça, sobre a tensão existente na Praia da contorno com ameaças de privatização pela Bahia Marina: “Um jardim para Netuno em águas de Yemanjá”, com o auxilio luxuoso da músicas de Vinicius de Moraes, artista brasileiro que fez 100 anos naquele 2013, que como poeta conhecia bem os males do povo dessa terra e que como diplomata tentou viver toda suas dores e alegrias.
abaixo  alguns desses banneres para os "Cinema no Coreto + Debate", evento que fez gerar os circuitos culturais 2 de julho.
















quinta-feira, 20 de novembro de 2014

2013/2014 : Movimento Nosso Bairro é 2 de Julho


Ainda em 2012 comecei a frequentar as reuniões do Movimento Nosso Bairro é 2 de Julho, obvio por está nesse bairro o atelier abadepimentel, e por eu já viver nesse trecho da cidade já vão bons anos.
 O primeiro trabalho concreto foi uma oficina virtual para refilar a ideia de logo e marca para nosso movimento. Eu sugeri o desenho de um sol com dois raios horizontais, por conta do “nasce o sol ao Dois de julho” do hino da independência da Bahia. Sobre esse sol Viviane Hermida e Diego Haase colocaram as 3 penas do caboclo, tornando humano e mítico nosso sol. Emblemático das junções das raças no Brasil, o caboclo esta fortemente associado ao nosso desejo de liberdade.

O Lançamento da nossa logomarca se deu com mais força no evento “Cinema no coreto + Debate: Faxinaço midiático”, quando pensei em luvas amarelas, luvas de uma Oxum a proteger nossos desejos por uma bairro com um meio ambiente mais bem tratado. Ivana Chastinet cuidou de performar as luvas comigo e vários participantes se dispuseram a usa-las em protesto ao abandono aos nossos sistemas de cuidados com o lixo no bairro.  Linda noite ao som do Barlavento, trazidos pelo Nilson Mendes. Havia ainda o Café com Zmário, uma gentileza enorme. Fiz um registro que gosto muito, com clima de barroquismo psicodélico.


Em 2013 no Atelier abadepimentel ocorreu a oficina “Nossa cara 2 de Julho” laboratório de imagens e projetos sobre o bairro, onde chegamos a uma série de ideias de ações e interpretações do território. Essas ideias e participações foram integrando a programação dos Cinema do Coreto + Debates que ocorrerão naquele ano,  e que fizeram surgir o projeto Circuito Cultural 2 de Julho, que estreio em novembro de 2013, com o tema da resistência negra.



Para vero faxinaço midiático:    https://www.youtube.com/watch?v=OQ41J4fUbxg












sexta-feira, 5 de julho de 2013

2013, Centenário de Vinicius de Moraes








Socialistas, socialites e anarquistas chics tem como inspiração Vinicius de Moraes, pois com sabem o poeta, compositor, cantor, bacharel  em letras e direito foi um diplomata que conviveu com socialistas (deve ter preferido os clássicos, pois os muito duros, com suas invejas de classes são difíceis), socialites ( acho que deve ter percebido elas  tornarem-se mais casuais, capazes de andar de havaianas) e  anarquistas (creio que só chegaram perto os chics, aqui como sinônimo do mínimo de cuidados de si, para o povo achar que dá).  
Vinicius de Moraes tinha 45 anos em 1958, quando é lançado o LP "Canção do amor demais", de músicas suas com Antônio Carlos Jobim, cantadas por Elizete Cardoso. No disco ouve-se, pela primeira vez, a batida da bossa nova, no violão de João Gilberto, que acompanha a cantora em algumas faixas, entre as quais o samba "Chega de saudade", considerado o marco inicial do movimento.
Em 1965 parte para Paris e St. Maxime para escrever o roteiro do filme "Arrastão". Indispõem-se com o diretor e retira suas músicas do filme. Parte de Paris para Los Angeles a fim de encontrar-se com Jobim. Muda-se de Copacabana para o Jardim Botânico, à rua Diamantina, 20. Começa a trabalhar no roteiro do filme "Garota de Ipanema", dirigido por Leon Hirszman. Volta ao show com Caymmi, na boate Zum-Zum.
No ano seguinte seu "Samba da benção", em parceria com Baden Powell, é incluído, em versão do compositor e ator Pierre Barouh, no filme "Un homme... une femme", vencedor do Festival de Cannes do mesmo ano. Vinicius participa do júri desse festival. Em 1967 faz parte do júri do Festival de Música Jovem, na Bahia. Ocorre ainda em 1967 a estreia do filme "Garota de Ipanema".
Em 1968 aparece a primeira edição de sua Obra Poética. Seus poemas são traduzidos para o italiano por Ungaretti. Em 1969, é exonerado do Itamaraty. Casa-se com Cristina Gurjão, com quem tem uma filha chamada Maria.  No ano seguinte, casa-se com a atriz baiana Gesse Gessy. Inicia parceria com o violonista Toquinho. Em 1971, muda-se para Salvador, Bahia. Viaja pela Itália, numa espécie de autoexílio. No ano seguinte, com Toquinho, lança naquele país o LP "Per vivere un grande amore". 

Em 1979, participa de leitura de poemas no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo (SP), a convite do líder sindical Luiz Inácio Lula da Silva. Voltando de viagem à Europa, sofre um derrame cerebral no avião. Perdem-se, na ocasião, os originais de Roteiro lírico e sentimental da Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. 

No dia 17 de abril de 1980, é operado para a instalação de um dreno cerebral. Morre, na manhã de 09 de julho, de edema pulmonar, em sua casa na Gávea, em companhia de Toquinho e de sua última mulher.  

Informações biográficas: http://www.releituras.com/viniciusm_bio.asp


Sobre a moeda nº 1 do Tio Patinhas

 A fotografia das colunas eu fiz em São Paulo, em um dos andares do edifício do meu anarquista chick que vaga por Roma. A moeda eu fiz com a estátua de Antínoo como Osíris by fotoshop.
                 O Grego Antínoo se deu em sacrífico ao deus Osíris e o Imperador Adriano por paixão, enterrou seu favorito com honras de Ptolomeu, a aristocracia egípcia. Mais ainda, colocou sua esfinge na moeda romana de mais alto valor.
Dizem que possuir esse amuleto traz fortuna, daí a briga da Maga com a bruxa na fábula de Walt Disney. Entendendo Magia com um procedimento mais metodológico e bruxaria como um procedimento mais popular, teríamos de saber se o magnata perdesse seu amuleto, quem deveria ganha-lo?  É possível que o arquimilionário gaste toda a sua fortuna para recuperar sua moeda produzindo um novo jogo de deslocamento econômico. Ou é preciso que o amuleto continue com seu dono, para que da tensão entre as duas outras partes faça a roda da fortuna girar?
Hoje a noite eu acendo uma vela para Beuys e outra para Guy Debord, pra ver no que dá.

Socialistas, socialites e anarquistas chics é minha tarja de reflexão pós 45 anos do Maio de 68.  https://www.youtube.com/watch?v=M-FB7zT4oZc

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Maio de 2013, socialistas, socialites e anarquistas chics


O sol vai entrando em gêmeos, cujo regente Mercúrio é responsável mítico pela comunicação. Nesse Maio de 2013 eu estou lendo uma coletânea de textos sobre o maio de 68, organizada por Sergio Cohn e Heyk Pimenta, lançada quando os acontecimentos em Paris fizeram seus 40 anos, ou seja a 5 anos atrás.

No livro textos assinados por Daniel Cohn-Bendit, Jean-Paul Sartre, Edigar Morin, Henri Lafebvre, Roel Van Duyn, Rudi Dutschke, Hebert Marcuse, Theodor Adorno. Allan Watts, Alan Ginsberg, Gary Snyder, Timothy Leary, Barry Miles, Peter Berg, Peter Coyote e Abbie Hoffman, imaginem o Gozo que é essa leitura.

Para saldar os 45 anos do maio de 68 eu fiz essa vinheta, propondo que celebrar é a formula de transpor os limites das ordens estabelecidas. celebre ai: