O DEUS SUPREMO COMO ATMOSFERA,PARA NUNCA FALTAR AR
O Projeto que articulo de Memória
e Cidade, vai se tornando estratégias de construção de um Instituto, um centro
de pesquisa, produção e comunicação, o IMCAV- Instituto Memória e Cidade em
Artes Visuais. A Ação de sua criação torna-se o objetivo geral do projeto de
revisão de centenário, para rever os 100 anos da Semana de Arte Moderna de São
Paulo, em 2022.
Nessa trajetória, um pequeno
texto inicial fruto de pensamentos que há anos estão se formando, em
raciocínios causados com minhas pesquisas a partir de 2017 sobre o artista
sacerdote Mestre Didi e a cosmogonia Nagô, ganha forma agora quando a escritora
Clarice Lispector entra em constelação centenária.
FILOSOFIA GRECO-IORUBÁ
Teriam as civilizações grega e
Iorubá, mantidos no mundo antigo algum contato?
SIM, o contato mais ao Norte do
Atlântico do Território hoje conhecido como Nigéria, com civilizações
Mediterrâneas aconteciam. Por que cremos que não houve contribuições do povo
Africano a compreensão filosófica acerca de como surgiu o universo? Talvez por
não nos deixarem ver o negro no papel pensante, capaz de formular teorias filosóficas,
pois vejamos:
Anaxímenes de Mileto, foi
discípulo de Anaximandro e, provavelmente, o terceiro filósofo da tradição
ocidental. O filósofo pré-socrático viveu na região da Jônia (atualmente
território turco) até 528 antes de Cristo. Nesse estágio a filosofia grega
busca entender uma partícula ou princípio que dá origem ao universo: Tales de
Mileto vai crer ser a água, Heráclito de Éfeso o fogo. E Anaxímenes o ar, como
os Iorubás que em sua cosmogonia, acreditam ser o início de tudo, no seu vazio,
uma enorme camada de ar: OLORUN, o Deus Supremo Ar, comum a tudo.
Nesse estágio de plenitude
etérea, a reverberação de uma onda de impulso infinito, em seu deslocamento
lentíssimo, faz surgir o princípio em Olorun, chamado Olorumirá, que se tornará
Iroko, o tempo e Ifá, o que tudo viu, condutor da narrativa. Portanto nesse
primeiro espaço Deus Supremo, o tempo surgi e com sua relatividade com o ar,
vai macerar suas micros partículas criando uma inicial umidade. Com o
crescimento da umidade, Olorun torna-se Olodumarê, onde vai surgir a água, que
Tales de Mileto, acreditava princípio maleável da forma, o que está certo com a
visão da gênesis Nagô, pois o ar e a água fazem surgir OXALÁ, o espaço-tempo da
construção de tudo.
É em Oxalá, no seu princípio ar
ou Obatalá e seu princípio água ou Oduduwá que surgirá uma minúscula lama
cósmica, que ao unir-se criará a primeira forma, ou EXU IANG. Com a coexistência
em Oxalá, do princípio positivo ar, que sempre se elevará e do princípio
negativo água que sempre descerá na busca de preencher o espaço, é o que faz
surgir o princípio procriado, primeira forma, com a qual será possível
diferenciar todas as outras. Essa Trindade pai, mãe e filho, é chamada Igbá
Odw, representada em uma forma de duas cabaças, cortadas ao meio e unidas com seus
gargalos voltados para o Alto, Obatalá e para baixo, Oduduwá, contendo o
princípio de individualização Exu. Igbá Odw imagem simbólica para a conformação
que causará a explosão cósmica que faz surgir o universo. O fogo primordial de
Heráclito, ou a partícula super condensada de tudo, que produz a grande
explosão, o Big Bang, que a astrofísica ocidental sustentará como tese de
surgimento do universo. O que houve antes para formação dessa partícula que
explode, a cosmogonia Iorubá responde.
Foi preciso o mundo parar, para o
materialismo enquanto manutenção da vida, e espiritualidade fonte de conforto
frente a existência da morte, unir o que parecia erroneamente díspares.
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