quarta-feira, 15 de junho de 2011

2010: Centenário de Pagu

Um copo de Mar para Pagu
Apresentação para uma montagem final



A vídeo instalação para rever a vida de Patrícia Galvão, que em 1910 fez 100 anos, busca ser a reunião de dois pensamentos em arte e política posteriores à sua vida, encerrada em 1962. Em Josefh Beuys fui buscar apoio no seu conceito de escultura social para formatar a estrutura que apresenta os vídeos. Tendo o título “Um copo de mar para Pagu”, em observação ao lema da 29 bienal de São Paulo, ocorrida no ano do seu centenário, sem menção a essa personalidade paulistana que construiu sua vida entre a arte e política e alcançou o pensamento das vanguardas planetárias, compreendendo os desafios da transição entre a modernidade e a arte contemporânea.
Essa estrutura inspirada no conceito do artista alemão é uma apropriação de elementos de trabalho dos pescadores, pois o copo de mar de Pagu, pede as graças do Orixá Yemanjá, Rainha do Mar e o mar foi uma das paixões de Patrícia Galvão. No ano do seu centenário São Paulo e Bahia receberem a maior mostra montada no país sobre o Beuys, um dos pilares da arte conceitual. Ver Pagu em São Paulo foi pensar o impulso cultural ligado às artes visuais, filha das artes plásticas, uma outra grande paixão da escritora, poeta e mulher de teatro. Beuys tornou-se naturalmente uma forte referência e um canal de transito para pensar as artes visuais entre os dois estados.
O outro apoio nítido na construção do processo, usado para o áudio-visual, foi o grupo Internacional Situacionista que, além da critica à sociedade do espetáculo, formulou um pensamento estratégico de como lidar com a mídia, a comunicação, o consumo e as tensões ligadas à cidade, na busca de um urbanismo comunitário. Mais que o conteúdo critico e ideológico, busco nos Situacionistas a noção de psicogeografia (de território, de vagar errático, de deriva) para roteirizar o vídeo. Creio que Pagu, sendo uma mulher da comunicação, da criação de estratégias artística e da militância, haveria se alcançasse os seus 100 anos viva, refletido sobre essas duas correntes que buscaram, cada uma a seu modo, desvendar a performance artística de viés social.
Os vídeos a serem instalados formam um mapeamento de alguns dos territórios onde Pagu fez sua história no estado de São Paulo. Sete portas-portais para esta na estrela agora centenária. Para realiza-lo fiz cinco viagens à capital, com duas descidas a Santos, buscando ver como estavam os lugares por onde passou Pagu. Foi decisiva para a construção do trabalho a “Fotobiografia de Patrícia Galvão- Viva Pagu” de Lúcia Maria Teixeira Furlani e Geraldo Galvão Ferraz.
Sair do mar da Bahia, ir ao interior de São Paulo na grande metrópole brasileira e descer ao mar de Santos. De volta a Salvador, pedir a Yemanjá para que não houvesse tempestades em copo de água, em ano de Bienal, da Copa do Mundo e de eleições, grandes momentos de fortes emoções, vividas com o estudo da obra e vida de Patrícia Galvão.




Pagu em Santos.

O grupo "Tablado de Arruar" encena "Helena pede Perdão e é esbofeteada", no Bairro da Liberdade, primeira morada em são Paulo da família da Patrícia Galvão.


Rua Bresser, no Brás, bairro operário onde morou a família Galvão e que serviu de inspiração para o primeiro romance da Pagu "O parque industrial" assinado como Mara Lobo.



Ponta da Praia em Santos, Local onde na década de 1930, a Pagu escreveu "O parque industrial"



Projeto da vídeo instalação " Um copo de Mar para Pagu", inédita. Mostra sete territórios no estado de São Paulo, onde a Pagu construiu sua história de vida.