Efêmeros e Eternos | Material e Imaterial
Com que delicadeza devo encontrar
a leveza de Mestre Didi?
Quando filmo sua obra colocada em
praça pública, no Rio Vermelho, indo à casa de Jorge Amado e Zélia Gattai,
encontrar o que de mais belo houve na rede de relações que possibilita a Bahia
entender e fazer sua modernidade, faço um elo com a passagem do centenário em
2016 de Zélia Gattai de Ewa, senhora das transmutações para o artista-sacerdote que nesse 2017 alcança seus
100 anos. Um elo com esse tempo-espaço que vai se constituindo com o século @
também dito XXI, onde teremos de cuidar da eternidade do nosso passado recente,
pois é o que mais de perto nos constitui.
Encanta-me pensar o fazer artístico tanto no
conceitual como no artesanal, de um ser naturalmente herdeiro do sacerdócio dos
cultos afrodescendentes no Brasil. Só de saber que Mestre Didi, é filho de Mãe Senhora,
fundadora do Axé Opó Afonja, me ponho na certeza indissolúvel de como o tempo
nos trará entendimentos, ainda mais potentes na sustentabilidade da nossa
civilização. Porque me convenci, que apesar de toda a dor, a melhor ambição
ainda é essa, e ela conta com o auxilio, fundamental da percepção humana, que
nos possibilita a África. Na hora de sustentar as ondas mais pesadas, sempre
contamos com ela.
Nesse ano transito por este ser encantado que se fez sacerdote dos eguns, dos espíritos imortais, me deixando levar nessa espiral do tempo, onde ano a ano vejo forças indiscutíveis que nos formaram artística e culturalmente se apresentarem e com elxs uma cosmologia nos faz nação.
Nesse ano transito por este ser encantado que se fez sacerdote dos eguns, dos espíritos imortais, me deixando levar nessa espiral do tempo, onde ano a ano vejo forças indiscutíveis que nos formaram artística e culturalmente se apresentarem e com elxs