O material para confecção foi comprado na Rua Pestana Duarte, no Brás em São Paulo e no Tabuão, no Pelourinho em Salvador, territórios que concentram nos dois estados as matérias primas para sapateiros. Queria assim que surgisse uma sandália com espírito de circulação, pois se trata de um objeto símbolo da comunicação.
O desenho foi pensado após ver a exposição “Os Imperadores” no Masp, sobre o Império Romano. Lembro que o Hermes Trismegisto herda desse império, onde era chamado de Mercúrio, o acúmulo dos conhecimentos sobre arquitetura, do Egito, onde era Thot, os conhecimentos sobre medicina e, da Grécia (Hermes), os conhecimentos sobre filosofia. Este ser, que reunia o conhecimento do mundo antigo, tornou-se para os alquimistas o “Três vezes o grande”, daí o seu nome. Fará parte do desenvolver posterior do meu trabalho um diálogo do Hermes Trismegisto (cultura clássica) com nosso Exu, mensageiro para varias nações africanas, de grande penetração no Brasil.
No Circuito das artes 2012 estou na Galeria do ACBEU, onde apresento auto-fotos (40x30 cm) das três sandálias, com as quais pretendo desenvolver uma série de intervenções para fotografias e vídeos durante os próximos meses. Com elas intenciono ver as feiras populares (sandálias para o Hermes Luiz Gonzaga, que se tornará curandeiro das dores do povo), a construção dos estádios para a Copa de 2014 (sandálias para o dramaturgo Nelson Rodrigues, que se torna arquiteto das nossas inquietações com as escalas construtivas) e ruínas de patrimônios históricos (com as sandálias para Jorge Amado, que se torna a porção filosofo do Hermes Trismegisto brasileiro).
fotografias da série: " Sandalias para um Hermes Trismegisto Brasileiro"
Nº1- Decolagem
Nº2- Voo